Às vezes dou por mim a pensar no disparate que existe na necessidade de alguém seduzir e ser seduzido por outro alguém. E é disparate quando, já digeridas as primeiras impressões (nas quais nem sempre confiamos…) e guardadas na gaveta do “deixa lá ver como é”, se continua num registo de sedução-conquista, e quando correspondida, mais perigosa se torna.
E bem pode haver um esforço para confiar naquilo que não se quer (sem saber ao certo o que afinal se quer), particularmente bem delineado à frente dos olhos, mas que mesmo assim se continua a deitar achas para a fogueira.
As dinâmicas da sedução despoletam motivações que parecem contraditórias: angústia e desejo vem se a conquista do lado de lá abranda no momento em que do lado de cá cuidamos de dar mais, pleno frenesim pupulante se a conquista anda em paralelo uníssono, sufoco quando a nossa voz abranda e a outra ocupa todo o seu tempo para tornar visível a sua disponibilidade para nos querer, bem-estar sadicamente gozado quando não respondemos deliberadamente a uma investida do outro lado de lá em nós, um álibi socialmente aceite e pessoalmente merecido para descansarmos da rotina chata e cansativa, solidão quando paramos para escrever sobre isto.
Solidão. Por ela se perde muito tempo.
1 comentário:
são precisamente esses ingénuos (ou não)dá que eu tiro, põe que eu fujo e as borboletas na barriga da incerteza q vão ocupando muitas vezes o imaginário de dias, caso contrário bem mais enfadonhos e sem um estímulo...sem um vector de expressão...
Não me sabia nada mal um dose de sedução...
Boa
;)
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