sexta-feira, 20 de julho de 2007

ofício do fazer sentido


ouço-te.
sigo, atenta, a fluidez da escolha de cada palavra que te torna real, tangível ao entendimento de ti próprio.

não te ouço.
vejo a pele enrugar-se no teu peito a cada expulsão de mais uma palavra.

(as mãos ficam escondidas, aí atrás – lugarejo de luz ténue, só teu.
e aí atrás seguras os estilhaços de vidro que delapidaste para te esculpires,
reconstruir de novo).

sinto-te.
as tuas mãos sangram e vertem lágrimas de esforço.
o teu corpo és tu.
encaminhas a tua mão a mim.
vamos.


(é pelo ofício do fazer sentido
que te amo).



imagem
Moment-Before-the-Kiss, rabi khan
(alterada por vibrissa)