domingo, 8 de março de 2009

III. três


Anos e anos passaram na ausência:

Alimentar-se pelo pensamento fechado em alguém e… ter medo,

muito medo de… beijar.

Naturalmente e para não se arrepender de nada fazer,

lhe disse na despedida, já longe, Gostei de ti.

Afinal não foi embora, ficou. Hum… fugir…. bem, para lado algum.

Só lhe restou enfrentar.

E não estava sozinha na sua curiosidade. Que bom…

Maravilhoso momento mágico.

Pela noite sonhava que a primeira paixão a afagava e

murmurava palavras doces ao ouvido. Estranho, pensou já acordada.

Conversa e conversa… ir para o outro lado, com cautela, sentindo o caminho.

Mas,

sem culpas,

desceu à terra com pés de bailarina

e teve a real e infeliz (feliz) sensação de que, afinal,

nada tinha passado de um equívoco engendrado pela Esperança

que guardava em si, discreta… sempre, sempre… Sempre.

No fim, eclipsou-se a lua na ausência de gatos de olhares intensos e profundos, densos, os certos.

Pensou, Ups! merda, ainda bem que o beijo não aconteceu, mas gostei de ti…

Agora,

olha para si calmamente e vê as fibras negras de algodão doce

pousadas na cadeira do quarto, desengonçadas e molhadas da chuva,

tecidas por si com as mãos de fada que retirou no outro dia da gaveta,

sem ter dado conta de que as usava.