quarta-feira, 26 de março de 2008

ode à primavera

the dreamer, Jetinder Marjara



Sinais de dez mil maneiras de estar em equilíbrio neste mundo movente que se
ri da adaptação
Sinais sobretudo para retirar o ser individual da armadilha da língua dos
outros
feita para ganhar contra nós, como uma roleta russa bem preparada
que só nos deixa uns tiros felizes
e a acabar a ruína e a derrota
que nela estavam inscritas
para nós, como para todos, previamente.

Sinais para não voltar a trás
mas para melhor “passar a linha” em cada instante

Sinais não como se copia
mas como se pilota



Ou, num ímpeto inconsciente, como somos pilotados

Sinais, não para sermos completos, não para conjugarmos
mas para sermos fieis ao nosso “transitório”

Sinais para voltar a ter o dom das línguas
pelo menos da nossa, porque de contrário, quem a falará?

escrita directa em suma para o desenrolar das formas
para o alívio e desatravancar das imagens
cuja praça pública-cérebro está neste tempo particularmente obstruída

à falta de aura, ao menos disseminemos os nossos eflúvios.



Henri Michaux, Retiro pelo risco


(Joana)