segunda-feira, 16 de julho de 2007

fica dentro de mim



fica dentro de mim,
como se fosse

eterno o movimento do teu corpo,
e na carne rasgada ainda pudesse
a noite escura iluminar-te o rosto.
no teu suor é que adivinho o rastro

das palavras de amor que não disseste,
e no teu dorso nu escrevo o verso

em pura solidão acontecido.

transformo-me nas coisas que tocaste,
crescem-me seios com que te alimente
o coração demente e mal fingido;

depois serei a forma que deixaste
gravada a lume com sabor a cio

na carícia de um gesto fugidio.


António Franco Alexandre
Duende



imagem: touch life, rabi khan