quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Certos Outros Sinais



Navegamos por águas longe e pelo nevoeiro.
A bordo do nosso navio fantasma SOMOS O QUE SOMOS

e ao nosso redor apenas o chapinhar das águas
misteriosamente calmas
de encontro ao casco nos impressiona e informa.
Acreditamos que jamais o homem será escravo

enquanto houver um só Poeta, isolado e ignorado que seja,
a reclamar a si mesmo a decisão ou indecisão magníficas.

O homem não é um «animal». Esta catalogação é um erro da Biologia.

Agrada-me profundamente saber que eu estou num ponto do Universo

que necessita ser esticado para o lado de fora,
quero dizer: para a minha frente.
Se rebentar é a minha mais profunda aspiração que foi satisfeita!

O Futuro é tão antigo como o Passado.
E ao caminharmos para o Futuro é o Passado que conquistamos!

[…]

António Maria Lisboa (1928-1953)

Poesia



para o meu avô Marcolino

(avô gordo, estou muito feliz)