Pedra a pedra, construí um palácio para o meu primeiro amor. Pus um tapete vermelho e esperei-o como um espelho que reflecte a preto e branco, amei-o
tanto sem cor. O príncipe chegou e quando pressentiu que eu talvez fosse pedra fugiu.
Frase a frase construí um palácio para o meu segundo amor entre as rimas
de um soneto um retrato a branco e preto que nos julgava mortais, amei-o mais
que a dor. O príncipe chegou e quando pressentiu que eu talvez fosse um verso
fugiu.
No meu corpo vou construindo um palácio como quem vê o sol pôr, feito apenas dos meus passos, dos desejos e abraços que nos fazem não ter fim,
amo-te sim amor.
O príncipe chegou e quando pressentiu que eu era uma mulher sorriu.
Jorge Palma