Suponho que a sua vida não fosse…
Suposições.
Deixar de fumar para ver se o pensamento se emancipava,
sufocada, muda,
de voz plana, cansada. A pensar.
Merdices.
Tudo o resto ia na mesma:
chovia sempre que lhe apetecia espairecer,
o vento soprava quando ia pôr o lixo,
e o sol abria nas vezes em que não saía.
Já podia sentir as horas
separadas dos segundos.
Maravilhoso.
Mas uma coisa é certa: o trabalho não faz falta nenhuma.
A sua presença é útil só para fazer adiar problemas,
é o melhor álibi para qualquer coisa.
É a melhor maneira de evitar
sentar o rabo na cadeira e sentir os tendões a doer.
Entre a mascarilha e a máscara,
atrevida e escondida,
via os golpes de esperteza saloia de alguns
e a fuga dos mais tímidos pelo lado mais escuro.
Tinha o ombro esquerdo mais descido,
o que a fazia temer por males das costas,
com o passar da idade.