segunda-feira, 29 de outubro de 2007

figuras antropomórficas


o nostálgico


o entediado


a que vai andando


o que faz beicinho



o ansioso




aquele/a que sabe o que não quer






esculturas de Scott Radke



quinta-feira, 25 de outubro de 2007

dente de leão




diente de leon

metamorfose



Gregor transformou-se em barata gigante. Eu não: fiz-me aranhiço,


tão leve que uma leve brisa o faz oscilar no seu fio de baba lisa.


Até que, contra a lei da natureza, creio que tenho peso negativo,


e me elevo ao ar se me não prendo ao canto mais escuro desta ilha.


Quando descer à teia derradeira não se verá no mundo alteração, ou só


talvez alguma mosca mais contente. Em noites de luar, na alta esquina,


ficará a brilhar, mas sem ser vista, a estrela que tracei como armadilha.






António Franco Alexandre


Aracne


2004


segunda-feira, 22 de outubro de 2007

The Tell-Tale Heart


TRUE! nervous, very, very dreadfully nervous I had been and am; but why WILL you say that I am mad? The disease had sharpened my senses, not destroyed, not dulled them. Above all was the sense of hearing acute. I heard all things in the heaven and in the earth. I heard many things in hell. How then am I mad? Hearken! and observe how healthily, how calmly, I can tell you the whole story:





pela voz de James Mason


Edgar Allan Poe



sexta-feira, 19 de outubro de 2007

embaciar o silêncio

Sakura

pintura de Outlaw Jesus




através de um qualquer vidro de natureza dupla
permaneço
quieta,
espaço fragmentado.
a calma respira,
a liberdade cristaliza-se num suspiro
fundo.
embaciar o silêncio e vê-lo à minha frente.



quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Olá, cá estamos nós outra vez, Estrela do mar




Olá, cá estamos nós outra vez
Voo Nocturno, 2007



Estrela do Mar
Asas e Penas, 1984


Jorge Palma

andei por aqui














fotografias do caminho percorrido
para chegar à praia da Amália, Alentejo

domingo, 14 de outubro de 2007

Paolo Conte





Sotto le Stelle del Jazz



processo



pintura de Ken Dougherty


Não quero, perco, desisto, ganho, insisto,
contrario aquilo que sinto,
sou coerente com aquilo que quero,
iludo o teu olhar com o meu,
esqueço o que vejo quando me olhas?





sábado, 13 de outubro de 2007

aquele abraço




abraças, entregas-te
risos.
não queres permanecer no sítio errado, ninguém quer.
neste fim de tarde, o jogo de luzes a branco no preto
dissipou, por momentos, a ansiedade de partir para qualquer outro lugar.
as tuas costas ficaram estendidas, os teus braços abertos à terra, a tocar areia porosa.
mas o verão foi de viagem, como tu.
quiseste segui-lo para poderes continuar a entrega, noutras paragens.




fotografia: Celina
Vibrissa


sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Higher Love


the fruit of her labor


pintura de Terri Woodward







terça-feira, 9 de outubro de 2007

em silêncio







os dois senhores
, fotografias de Karina Bertoncini





À medida que acumulo vida
Fico mais tempo
a ver o que tenho dentro.
Esse ficando é sereno, honesto, emancipado.
Fico
Com um cigarro que me vai filtrando…
E sem pudor sinto – em silêncio –
Aquilo que sou.



segunda-feira, 8 de outubro de 2007

domingo, 7 de outubro de 2007

de luvas



Sat night, Sun morn R; pintura de Sas Christian

mais pinturas aqui



não, as lágrimas negras que vês não são lágrimas negras.
o tecido da minha luva, negra, humedeceu e deixou, em mim, a marca de um grito que não é meu.





sexta-feira, 5 de outubro de 2007

hipótese (?)




A luxúria é o orgulho do corpo; o amor é o orgulho da alma, um orgulho que não é mais que a luxúria da alma.

Alexandre Puchkine
Diário Secreto
(1836-1837)



quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Voltar


imagem: Girl Reading,
Oliver Ray


Como hoje se disse, actualmente a Antropologia é antes de mais uma tecnologia que serve para pensar (sobre), para resolver equívocos, conflituosidades, lêr nas "entrelinhas" o que não parece ser assim (infelizmente) tão visível e tão deveras importante.
Voltar a trabalhar esta questão é, para mim, um privilégio.
Mas há um receio subjacente, típico de quem esteve fora demasiado tempo.
Voltar ao espaço onde aconteceram mudanças profundas na construção e noção de pessoa, com tudo o que isso implicou (e ainda implica) é uma experiência perturbante, porque forte emocional e organicamente.
O início de um novo começo está a despoletar algo... Há decisões a necessitar de moderação, de reflexão em processo, de olhares precisos, de re-leituras.
Voltar a viajar.




terça-feira, 2 de outubro de 2007

minutos de lusco-fusco em Coimbra




fotografias: conchada 2003
Rita.



memórias de minutos..... minutos de memórias.......





segunda-feira, 1 de outubro de 2007

frase solta

imagem: Yoshitaka Amano



os apaixonados assassinam malmequeres para poderem acreditar na eternidade dos amores precários.



Al Berto